Quarentena pode afetar saúde ocular de crianças e adultos

A necessidade de home office e home schooling provocada pelo combate à COVID-19 pede ainda mais atenção com o tempo passado em frente aos computadores, tablets e smartphones

A chegada do Novo Coronavírus implantou a necessidade de adaptação e novos hábitos no ser humano. O isolamento social fez com que adultos e crianças criassem uma nova rotina por meio de home office e homeschooling. O problema é que a mesma tecnologia que ajuda a manter o trabalho e os estudos em dia, também pode provocar ou agravar distúrbios oculares.

As crianças que antes tinham em tablets, computadores e smartphones uma fonte de diversão, passaram a utilizar esses aparelhos para vídeoaulas e comunicação com parentes e amigos distantes, aumentando a quantidade de horas diante das telinhas. Segundo a UNESCO, neste novo cenário de pandemia, 1 Bilhão de estudantes está assistindo aulas via telas digitais, aumentando as chances de desenvolver miopia, síndrome do olho seco, lacrimejamento, vermelhidão, entre outros distúrbios que variam entre deficiência ocular, problemas físicos, emocionais e sociais.

A oftalmopediatra do Hospital de Olhos do Paraná, Dra. Dayane Issaho, aconselha aos pais para ficarem atentos e alternar períodos de descanso entre as atividades. “A cada meia hora, o ideal é que os olhos permaneçam fechados por pelo menos cinco minutos para amenizar os sintomas”, explica. Ainda, segundo a especialista, tem sido levantada uma grande preocupação sobre os efeitos da quarentena a médio e longo prazos. “A miopia elevada, por exemplo, pode causar problemas graves na mácula, descolamento de retina, glaucoma e catarata. Significa que a geração de hoje pode ter maior incidência dessas comorbidades no futuro, caso não haja cuidados efetivos sobre o assunto”, alerta.
Segundo relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2050, cerca de 52% da população mundial terá desenvolvido a doença. E apesar do relatório não ter mostrado ainda um quadro alarmante para o Brasil, ele destaca que a prevalência da miopia e da alta miopia já está avançando aqui em nosso país mais do que a média global mundial. Enquanto no âmbito mundial estima-se que entre 2020 e 2050, 49% desenvolverão a miopia, aproximadamente 596,51 milhões de pessoas; no Brasil os números projetam de 6,8 milhões casos para 12,9 milhões, ou seja, um aumento de 89%.

A especialista acrescenta, ainda, que os adultos também podem ter problemas oculares com o uso exagerado dos computadores. “Ficar muito tempo sem piscar, por conta da fixação nas telas, pode evoluir para olho seco. Quem usa óculos multifocais pode desenvolver problemas na coluna cervical, pois a tela um pouco mais alta implica em movimentos repetidos de levantar a cabeça constantemente, provocando uma lesão local. Até as frequentes cefaleias podem ser consequência de erros refracionais – astigmatismo e hipermetropia – não corrigidos ou pelo demasiado uso da visão de perto”, alerta Dayane Issaho.